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domingo, 31 de março de 2013

Seria trágico se não fosse cômico


Bem, para adoçar as coisas por aqui, venho falar agora sobre meu feriado. Depois de falar sobre ameaça de guerra, direitos dos empregados e sobre a confusão dos índios, vamos falar agora sobre um pequeno desafio que eu me propus nesse feriado. Tudo bem que vocês não gostam de saber da vida de ninguém, imagina, mas eu quero registrar minha experiência para que num futuro próximo eu não a esqueça.
Nesse feriadão de Páscoa o pessoal daqui de casa resolveu viajar, como sempre, mas dessa vez eu não fui com eles. Decidi ficar e ver no que ia dar. A princípio, foi uma boa ideia, afinal, que adolescente não quer ficar em casa sozinho enquanto a família viaja, não é? E foi isso que eu fiz, mas não passou pela minha cabeça dar uma festa aqui, pelo contrário. Como todos os meus amigos aproveitaram o feriado fazendo outras coisas em outros lugares e a maioria dos estabelecimentos que me interessam estiveram inoperantes nesse feriado, resolvi testar minha paciência e minhas habilidades como cozinheiro ficando isolado em casa, sem contato físico com outras pessoas. Nada demais, eu sei, mas quando se está sozinho durante quatro dias seguidos pode ser desesperador e divertido. 
Minha família viajou de madrugada e quando eu acordei, obviamente, vi a casa sozinha. Aí eu já senti o primeiro "back", porque você já pensa em café da manhã, limpeza da casa, louça suja, roupa suja, almoço, jantar e coisas do tipo. A parte engraçada foi na hora do almoço, já fazia muito tempo que eu não fazia algo no fogão para comer, então, a noção de tempero e tempo de preparo já tinha se perdido no tempo. O resultado disso foram o frango com o gosto muito forte de tempero, óleo da frigideira respingando em mim e os consequentes sustos e gritos, além de uma manhã de maratonista pela casa. Sim, porque eu estava no facebook enquanto o negócio estava no fogão, aí eu sentia o cheiro de queimado e saia correndo pela casa com um garfo na mão e um pano no ombro para apagar o fogo. Depois de tudo ainda tinha percebido que tinha esquecido de botar corante. Enfim, foi uma desastre.
No primeiro dia de manhã, a dificuldade era com o almoço. Depois do almoço veio o tédio. Quando minha mãe está aqui, eu fico abraçando e beijando. Sou carente. Mas durante quatro dias eu fiquei completamente só. O tempo passou e eu peguei o jeito de fazer as coisas na cozinha, mas o vazio que fica numa casa que você não fala com ninguém além de consigo chega ser desesperador e engraçado. Ao mesmo tempo que eu ria por estar falando e estudando inglês em voz alta, cantando alto, sonhando acordado, refletindo, revendo conceitos e valores, fazendo teatros, me olhando no espelho, tinha momentos que eu não aguentava ter que olhar para aquele Ovo de Páscoa na geladeira e não poder comê-lo, por havia me prometido que só ia atacá-lo no domingo, de ficar sem falar com ninguém pra me contar novidades, falar besteira. Estar no online facebook e no twitter não adianta muita coisa, você sabe disso.
Mais tarde a família estará chegando e eu termino esse feriado valorizando um pouco mais a presença das pessoas, sobretudo, da minha família. Juro que me sinto um pouco menos idiota depois desses dias, mas eu acho que os vizinhos que me ouviram falar sozinho o dia todo devem estar pensando justamente o contrário.  Quase que me senti naquele reality Solitários, onde as pessoas ficavam isolados numa cabine durante muitos dias (por isso a imagem). Parece besteira e é, se você não souber enxergar um modo de tirar proveito da situação. Amanhã começa tudo de novo, Feliz Páscoa e até o próximo texto.
Forte abraço.