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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Bem amigos,


O Brasil demorou um pouco para entender o que estava acontecendo desde os primeiros dias de manifestações. Parecia uma manifestação comum e que não teria tanta expressão, mas todos vimos, sem acreditar, que o povo foi às ruas para protestar e registrar sua indignação diante da palhaçada que virou este país. Manifestações absurdamente grandes mobilizaram e chamaram toda atenção do Brasil e ofuscaram qualquer outro. Se pararmos para analisar quantas questões foram abordadas nesses protestos, que ainda não acabaram, seria conteúdo para uns cinco textos como este. No entanto, ainda observo uma certa dificuldade das pessoas, não de todas, em interpretar a situação de acordo com o contexto de cada meio ou de cada pessoa.

Claro que depois daquela quinta-feira, as manifestações não foram apenas por causa de vinte centavos da tarifa do transporte, mas, sim, por merecidas melhorias nas condições de vida em qualquer aspecto, porque estamos mal das pernas em todos os sentidos, só não no quesito "estádios de futebol". Observando, acho fantástico o fato desse movimento gigantesco ter surgido de dentro da população, sem qualquer tipo de influência, em um momento totalmente oportuno e inesperado. Os momentos foram acontecendo do "totalmente espontâneo" para algo "em processo de rotulação". Logo, bordões e gritos de ordem do tempo da minha avó começaram a fazer parte do script das manifestações. Algo bem previsível, pois o sonho da maioria de nós é ter nascido naquela época, sabe? Aquela que tem gente que fala tão mal, mas daria tudo para ter nascido a uns trinta anos atrás. 
Não demorou muito para a fase das rotulações. Ora, se as pessoas rotulam umas às outras por motivos menores, uma manifestação desse porte não poderia deixar de ser rotulada, não é? Então, começou o "O gigante acordou",  "Revolução do Vinagre", "Revolução dos 20 centavos" e daí por diante. Em seguida, vieram os ataques aos veículos de comunicação. Primeiro afirmaram que estavam todos sendo ignorados pela imprensa, mas depois que viram que estavam exagerando, mudaram o discurso focando no maior veículo de comunicação do país, mas o argumento que não aguentou três dias. Atualmente, observo que o grito de "liberdade à imprensa" ficou mais forte e isso deve ser seguido pelos demais. De fato, já está na hora de sabermos separar as coisas, porque não é justo os veículos estarem sofrendo agressões tanto físicas, por parte dos vândalos, quanto morais, através dos gritos dos manifestantes.
O cenário político atual é diferente do tempo que a imprensa se submetia há trinta anos atrás e, hoje, quando há manipulação, acredito eu, que não é por pressão do governo, porque vivemos em uma "democracia" cheia de políticos que vivem de aparências, tanto que só foram as manifestações acontecerem, que estão todos os deputados e senadores agindo como se fossem heróis, já pensando nas próximas eleições. Quem ia querer se queimar com o primeiro poder do país? Eles sabem a mídia que têm, uma mídia que muitas vezes fica ao nosso lado, mas que esse lado não é  tão levado em consideração, afinal, se sabemos dos problemas desse país - que  aos políticos não interessa em nada saber disso - não é porque minha tia me liga de outro estado para me dizer a situação caótica do Brasil, mas sei porque tenho infinitos meios de comunicação que mostram uma realidade, que talvez não seja a mais verdadeira, mas que muitas vezes nos deixam de boca aberta e indignados com a omissão de nossas autoridades. 
Aliás, esse assunto dá muito pano para manga, mas o foco são as manifestações que já não estão tão fortes como a alguns dias, mas que continuam e chamando bastante atenção. Uma onda de violência tomou de conta das manifestações pacíficas e o confronto de policiais e manifestantes dividem muitas opiniões. E é o seguinte, a polícia exagerou, sim, em algumas manifestações pelo Brasil. Em momentos foi precipitada demais, em outros foi omissa demais, depois foi na medida, depois precisou usar de violência e etc. Se a gente parar para pensar, os manifestantes nunca estarão errados e os policias serão sempre vilões e vice-versa, dependendo do ponto de vista. Particularmente, acho que os policiais tem que intervir quanto vira bagunça. O problema é quando eles saem de controle junto com as manifestações, mas para se dizer que a atitude da PM foi precipitada ou não, precisamos nos manter imparciais, porque assim como tem vândalo no meio, tem manifestante que merece pegar umas bolachadas mesmo. 
Na manifestação do sábado passado (22), houve um princípio de tumulto e sai correndo com uns amigos. Fomos parar na barreira de proteção dos policiais e quase fomos atingidos por duas pedras que jogaram em direção aos policias que estavam imóveis até então. Outra coisa que eu quero ressaltar é que, pelo menos no Maranhão, eu senti que virou politicagem. Muitos grupos não estavam nas manifestações para lutar por condições de vida melhores ou contra uma PEC que seja, mas estavam levantando bandeiras anarquistas, comunistas, socialistas, de direita, de esquerda e isso tira o foco da manifestação. Era como se a galera tivesse se juntado no mesmo lugar para defender coisas diferentes. Foi uma impressão que tive e garanto que não foi só eu. E é bom lembrar, que manifestante bom, sabe a hora de ir embora. Se começou a bagunçar, ir embora ajuda muito. Não significa abandonar ou desistir do movimento, mas é para ajudar na identificação dos vândalos e para não pegar tiro nos peitos, também.
Das manifestações, concluo que estão surtindo um efeito extremamente positivo na política e um certo prejuízo para alguns comércios. Os políticos, por puro marketing ou não, estão fazendo o que o povo quer e, por isso, as coisas tendem a melhorar. A polícia tem que investir contra os vândalos e contra aqueles que não são rotulados como tais, mas que também ajudam a bagunçar, além de exterminar atitudes repudiáveis  da própria polícia está tendo em determinadas situações. Agora que alguns estão menos à flor da pele, um pouco mais distantes, vão conseguir interpretar melhor alguns pontos de vista e algumas situações. É importante que os militantes entendam os policiais e os policiais entendam os militantes. Que os anti-mídia entendam e percebam o trabalho da imprensa antes de julgamentos e a imprensa continue melhorando o jornalismo que tem para evitar tantas críticas. E que as pessoas não absolvam a internet e as redes sociais da tão chamada alienação, porque se tem algo que aliena mais do que a mídia, esta é a internet mal usada - e  até a bem usada é perigosa -. Todos temos um lado e uma versão da história. Todos fazemos parte dessa mudança e o que vale é não nos iludirmos com o que pode parecer ou representar  esse momento no futuro, mas com o que está sendo no presente e o que nós estamos representando para o país em meio a esse turbilhão mudanças.