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terça-feira, 9 de abril de 2013

Um convite à discórdia


Um dos assuntos que mais chamaram atenção na última semana foi a revelação de Daniela Mercury sobre sua verdadeira condição sexual. A reação foi imediata e repercutiu na imprensa internacional. Em época de "Joelmas" e "Felicianos", a revelação da cantora agitou ainda mais os debates sobre casamento homossexual  depois de divulgar uma foto no Instagram uma foto que declarava seu amor pela jornalista e, também baiana, Malu Verçosa.

O post de Daniela virou notícia do Jornal Nacional e na rede internacional CNN, onde já foi descrita como a "Madonna Brasileira". E tendência é de que a discussão se alastre, pois todos sabemos que um assunto polêmico como esse e ainda mais no momento que se encontra, é um convite à discórdia, pois não são poucos os que tem um sentimento de rejeição aos homossexuais e que, obviamente, reprovam o casamento civil gay. Não são poucos, também, os que se incomodam com a agressividade dos militantes dos movimentos gay e com a união homossexual ao amparo da lei. 
Isso me lembra um pouco o racismo, que, infelizmente, sobreviveu apesar de todas as lutas, cartas, discursos, avanços genéticos, babados, confusões e gritarias. Também me lembra a luta feminina pelo direito de votar e do divórcio. Mas Deus vai querer? Se depender das igrejas e pessoas que falam em nome Dele, a resposta será um sonoro "não". Faço minhas as palavras do Papa Francisco, quando ainda era cardeal arcebispo de Buenos Aires, onde comentou "se Deus, na criação, correu o risco de nos fazer livres, quem sou eu pra me meter?". As pessoas condenam-se ao assédio espiritual. Todos aqui são livres para fazer o que quiserem. Cabe à igreja orientar sobre valores, limites e mandamentos. Não cabe a nenhum padre ou pastor, e muito menos a pessoas que se consideram próximas de Deus, impor verdades dadas .
Casamento gay é uma das novas realidades da sociedade, não dá para fingir que o novo não existe e ignorar o direito desses casais serem reconhecidos legalmente e com todas as condições de um casamento hétero. Se me perguntarem se eu sou a favor, sim, eu sou a favor do casamento civil, não do religioso por motivos evidentes. Ninguém tem nada a ver com quem fulano deita ou deixa de deitar. Também não concordo com a agressividade e intolerância dos militantes dos direitos homossexuais. 
Daniela está bem, está feliz e isso o que importa. Não faz sentido religiosos homofóbicos quando Deus veio para todos, assim como não faz sentido tanta intolerância de quem deveria lutar justamente por isso. Independente das opiniões, debater um tema como esse requer bastante serenidade e coerência. Somos um país plural de idéias, de credos, de cores e de opções. Não precisamos concordar, só respeitar. Porque nossas lutas, como pessoas, não são contra nós mesmos. Nossas divergências têm que se ater ao campo das ideias. Então, só me resta dizer que seja o que Deus quiser.